sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Jdanov VS Truman

Após a análise da doutrina Jdanov e da doutrina Truman, podemos reparar em diferenças cruciais entre estas duas.
Se na segunda Truman defende a democracia do bloco capitalista: "Um dos modos de vida baseia-se na vontade da maioria e distingue-se pelas suas instituições livres, por um governo representativo, por eleições livres, pelas garantias de liberdade individual, de liberdade de expressão e de religião e pela ausência de opressão política. [...] Penso que a política dos Estados Unidos deve ser a de apoiar os povos livres que se encontram a desenvolver acções de resistência contra as tentativas de subjugação lançadas por minorias armadas e apoiadas por pressão externa", neste excerto retirado da Doutrina Truman ficou evidente os ideias que "supostamente" os Estados Unidos defendia e porque estes se devem opor ao bloco comunista. Truman ainda declara o bloco soviético um sistema que: "baseia-se na vontade da minoria imposta pela força à maioria. Assenta no terror e na opressão, numa imprensa e numa rádio controladas, em eleições viciadas e na supressão das liberdades individuais."
Já na doutrina Jadnov, este declara: "Os Estados Unidos são a principal força dirigente do campo imperialista, a Inglaterra e a França estão unidas aos Estados Unidos. [...]. O seu objectivo consiste no fortalecimento do imperialismo, na preparação de uma nova guerra imperialista, na luta contra o socialismo e a democracia, assim como no apoio a todos os regimes e movimentos reaccionários, antidemocráticos e pró-fascistas." contrariando claramente a doutrina Truman. Jadnov ainda classifica o bloco comunista como "o outro campo é constituído pelas forças anti-imperialistas e democráticas. A sua força reside na URSS e nas novas democracias. O campo anti-imperialista apoia-se no movimento operário e nos movimentos democráticos de todos os países, nos Partidos Comunistas irmãos, nos movimentos de libertação dos países coloniais e dependentes [...]."
Assim, e após comparação detalhada das duas doutrinas podemos chegar à conclusão que ambas declaram o seu bloco como o "bloco democrático" em detrimento do bloco adversário que consideram o "bloco antidemocrático". Portanto, não podemos classificar nenhum dos blocos como o «BOM» ou o «MAU», pois ambos tinham defeitos e virtudes, tendo um interesse em comum, ser a maior potência mundial, que originou, anos mais tarde, o longo período da Guerra Fria.

Doutrina Jdanov

Visto o tema da Guerra Fria, ser centrado em dois blocos antagonistas, Estados Unidos da América (líder do bloco capitalista) e URSS (líder do bloco comunista), irei sempre analisar os "dois lados da mesma moeda", para não soar parcial, relatando a História apenas como observador intrínseco.
Se na semana passada, analisei a doutrina Truman que defendia a necessidade de conter a ameaça comunista (cointanement) considerando os Estados Unidos o país melhor preparado para assumir tal função; Hoje analisarei a doutrina Jdanov, publicada em Setembro de 1947, apenas alguns meses após a Doutrina Truman.
Após a tentativa, por parte dos Estados Unidos, de inserir o Plano Marshall em países sob a influência Soviética, classificado por Moscovo como uma «manobra imperalista» dos Estados Unidos, Jdanov formalizou a ruptura entre as duas potências, através da sua doutrina.
Segundo este, o mundo ficou dividido em dois sistemas contrários: um imperialista e anti-democrático, liderado pelos Estados Unidos; o outro, em que reina a democracia e a fraternidade entre os povos, corresponde ao mundo socialista, liderado pela União Soviética.















Andrei Jdanov, alto dirigente soviético (1896-1948)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A doutrina de Truman


Após várias análises semanais acerca do Estado Novo e de Salazar, chegou a hora de introduzir um novo tópico.
Este situa-se no pós-guerra da Segunda Guerra Mundial, e baseia-se na divisão do Mundo em dois blocos - O bloco socialista e o bloco capitalista.
O primeiro era composto pela URSS e os países adjacentes "convidados" a aderirem ao modelo soviético. Em 1947, o bloco comunista criou o Kominform (Secretariado de Informação Comunista), que se tornou um importante organismo de controlo por parte da URSS.
Por outro lado, a expansão da influencia soviética, não agradou aos povos ocidentais. O seu dinamismo era uma ameaça clara ao modelo capitalista e liberal, sendo assim, necessária a intervenção dos povos ocidentais. Essa missão coube aos Estados Unidos da América, que assumiram frontalmente, a liderança da oposição face aos avanços socialistas.
Desta maneira, e segundo o Presidente Truman o mundo ficou dividido em dois sistemas opostos - o bloco soviético era claramente baseado na opressão; o bloco capitalista era baseado na liberdade.
O presidente Truman foi mesmo mais longe e divulgo num discurso em 1947, a sua doutrina (Doutrina de Truman) na qual afirmava que a missão dos Estados Unidos era a de conter os avanços comunistas (cointanement). Para além disso Truman ainda afirmou ser de grande urgência o auxílio da Europa (devido à destruição e crise consequentes do pós-guerra), para esta se reerguer economicamente.








Presidente Truman (1884-1972) - 33º presidente dos Estados Unidos da América

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Hino Oficial da Mocidade Portuguesa

E agora segue-se o Hino Oficial da Mocidade Portuguesa escrito por Mário Beirão e composto por Rui Correia Leite em pleno Estado Novo, em 1937 (se as minhas fontes estiverem correctas):

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Salazar & O Estado Novo - 2ª Parte



Em 1930, foi criada a União Nacional, esta juntava "todos os portugueses de boa vontade" e fomentava o apoio incondicional às actividades políticas do Governo. Segundo o chefe máximo do Estado - Salazar - a União Nacional tratava-se de uma organização não partidária. Com esta medida pretendia-se a união do Estado Novo, sendo também necessária a extinção dos partidos políticos e a limitação severa da liberdade de expressão. Assim sendo, passou apenas a existir um partido único, a "não partidária" União Nacional.
Adjacente à criação da União Nacional, vieram as bases orgânicas desta mesma. Nela vinham os fins que esta pretendia atingir:
a) Desviar do seu campo tudo o que possa desunir os Portugueses - mais uma vez fica explícita a necessidade que o Estado Novo tinha de unir as massas às elites, como já tinha feito na política do corporativismo.
O auge desta união e devoção pela Nação e pelo Estado, deu-se anos mais tarde com a criação da Legião Portuguesa. Esta milícia destinava-se a defender "o património espiritual da Nação", o Estado corporativo (referido acima) e a conter a ameaça bolchevista, mais conhecidos por comunistas.
Esta possuía, no princípio dos anos 40, cerca de 20 000 membros, sendo, como é óbvio, a sua filiação de carácter obrigatório.
Já a Mocidade Portuguesa, também de carácter obrigatório, destinava-se aos jovens estudantes. Nela, eram incutidos os valores nacionalistas e patrióticos do Estado Novo a todos os seus membros. Ambas as organizações eram baseadas no fascismo italiano. Todos os elementos possuíam um uniforme.
Salazar defendia a importância da Mocidade Portuguesa dizendo que as crianças eram os homens do futuro. Assim, com esta educação rígida, Salazar queria desde cedo incutir os ideias fascistas nos "homens do amanhã".
Num texto de Mário Soares, declarado opositor ao Salazarismo, este fala-nos do funcionamento da mocidade:
"Éramos obrigados a aderir à Mocidade, logo aos 10 anos de idade. O uniforme era obrigatório: boné, camisa verde, calção caqui e botas. O cinturão tinha uma grande fivela de metal enfeitada com um S.", clara alusão a Salazar. "A saudação fascista era a rigor, com o braço estendido em sentido." - aprendizagem dos costumes fascistas. "Tínhamos de fazer exercícios militares todos os Sábados e os mais velhos treinavam-se no manejo das armas" - como no Nazismo e no Fascismo Italiano, o desprezo pelos valores intelectuais era óbvio, enquanto se incentivava o amor ao desporto e ao exercício físico. "O chefe que presidia à reunião lançava uma primeira pergunta sob a forma de grito: "Portugueses, quem vive?" Tínhamos que berrar com todas as forças: "Portugal! Portugal! Portugal!", nestas linhas fica explícito o nacionalismo exacerbado tão característico das práticas fascistas.
"Portugueses, quem manda?" A resposta era: "Salazar! Salazar! Salazar!""
E, finalmente podemos ver o culto ao chefe, neste caso Salazar. O chefe, o representante máximo do Estado e da Nação, era tomado como herói.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A Lição de Salazar

Hoje, farei algo diferente para não tornar a leitura do blogue uma tarefa aborrecida. Irei proceder à analise dum cartaz publicitário de uma série editada em 1938 denominada de "A Lição de Salazar" criada pelo Secretariado da Propaganda Nacional:


Ao observar o cartaz podemos tirar várias conclusões, acerca da ideologia política em Portugal - o fascismo -, bem como a maneira que Salazar e, o Estado Novo, queria que os portugueses pensassem, agissem, etc.
Para Salazar existiam três valores que considerava fundamentais. A devoção a Deus, à Pátria e à Família. Ora, além de estes três valores estarem bem explícitos no canto inferior esquerdo do cartaz, também, podemos observá-los em pequenos pormenores.
Comecemos por Deus, ou a devoção à religião Cristã:
No meio da modesta casa, vemos uma espécie de mesa encostada à parede, nessa mesa está assente um crucifixo, símbolo explícito da religião Cristã. Se repararmos bem podemos concluir que o crucifixo está a abençoar a casa e a família, mostrando o poder de Deus perante a sociedade.
Acerca da pátria, temos dois pormenores que mostram a importância desta.
A primeira, e mais notória, é a farda do rapaz da Mocidade Portuguesa. Todos os rapazes e raparigas eram obrigados a frequentar a mocidade portuguesa e, quem não o fizesse iria ter problemas com o Estado.
O segundo pormenor, é pouco visível e, à primeira vista não se repara. Se olharmos pela janela aberta na casa, reparamos num castelo onde está hasteada a bandeira portuguesa. Apesar de ser um pormenor bastante pequeno é a melhor representação do valor que a pátria assumia para o Estado Novo.
Finalmente, mas não menos importante, a Família.
Esta, na minha opinião está presente em todo o cartaz. Desde a mulher na cozinha com os tachos e as panelas, é uma autêntica dona de casa, como Salazar queria que todas as mulheres fossem.
A rapariga a brincar com os brinquedos - que não passam de mini-tachos e utensílios próprios das lides domésticas -, o rapaz a estudar , e o pai a figura que todos os outros membros da família recebem com respeito e alegria. Apesar de simples o pai transmite uma autoridade, fazendo lembrar um pouco o próprio Salazar.
O pai acabou de chegar do trabalho, um trabalho agrícola visto a enxada, mostrando assim, que Portugal na época era um país praticamente agrícola, pouco industrializado e, assim sendo, com uma índole bastante conservadora apoiada essencialmente por António de Oliveira Salazar.

Salazar & Estado Novo


Há muito tempo atrás, quando ainda não existia a televisão ou o computador e os meninos iam para a rua brincar aos índios e cowboys, nasceu um homem de seu nome António de Oliveira Salazar, este viria um dia a ser um duns cânones da História de Portugal, só que ainda não o sabia.
Após terminar a escola primária, Salazar (vamos passar a chamá-lo assim para facilitar) ingressou no Seminário de Viseu, de onde saiu passados oito anos - em 1908 - para ingressar na Faculdade de Direito em Coimbra. Já desde essa altura Salazar tinha uma atracção pelos assuntos políticos, tendo escrito, inclusive, alguns artigos contra a Primeira República.
Em 1914, acabou o curso de Direito com uma excelente média, tornando-se passado pouco tempo professor catedrático da cadeira de Economia Política e Finanças.
Durante esse período Salazar filiou-se ao Centro Académico da Democracia Cristã.
Como já devem saber, vivia-se nessa época a Primeira República em Portugal. Esta não corria da melhor maneira, existia muitas divergências internas e, em cerca de dezasseis anos, existiram sete Governos.
Ora, um país assim, não pode evoluir e, a 28 de Maio de 1926 um golpe de estado promovido pelos militares pôs fim à primeira república parlamentar portuguesa, instalando uma ditadura militar.
E onde será que Salazar se encaixa no meio disto tudo?
Vejamos, após a instalação da Ditadura Militar, Salazar foi convidado para assumir o cargo de Ministro das Finanças, ao qual tão rápido aceitou, como se demitiu, alegando falta de condições para desempenhar o seu papel.
Em 1928, após a eleição do Marechal Óscar Carmona, Salazar foi de novo convidado para desempenhar a mesma função. Desta vez, antes de aceitar fez algumas exigências que passo a citar: "Que cada ministério se compromete a limitar e a organizar os seus serviços dentro da verba global que lhe seja atribuída pelo Ministério das Finanças" ora, com esta citação proclamada por Salazar é possível desde já observar o poder "anormal" que o Ministro das Finanças, ou seja Salazar, detinha no governo e obviamente, no país.
Pela primeira vez, em quinze anos o Orçamento de Estado foi positivo, o que atribuí a Salazar um prestígio imenso sendo visto por muitos como o "Salvador da Pátria" comparando-se assim a D. Afonso Henriques. Este prestígio, levou-o à chefia do Governo, em Julho de 1932.
Quem até então tinha dúvidas acerca da veia fascista de Salazar, em 1933, essas dúvidas dissiparam-se com a Constituição desse mesmo ano - consagrando assim um novo sistema governativo denominado O Estado Novo.
Salazar repudiou o liberalismo, a democracia e o parlamentarismo e proclamou o carácter autoritário, corporativo, conservador e nacionalista do Estado Novo - valores habituais da ideologia política fascista.

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação"

Continua...