sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Salazar & O Estado Novo - 2ª Parte



Em 1930, foi criada a União Nacional, esta juntava "todos os portugueses de boa vontade" e fomentava o apoio incondicional às actividades políticas do Governo. Segundo o chefe máximo do Estado - Salazar - a União Nacional tratava-se de uma organização não partidária. Com esta medida pretendia-se a união do Estado Novo, sendo também necessária a extinção dos partidos políticos e a limitação severa da liberdade de expressão. Assim sendo, passou apenas a existir um partido único, a "não partidária" União Nacional.
Adjacente à criação da União Nacional, vieram as bases orgânicas desta mesma. Nela vinham os fins que esta pretendia atingir:
a) Desviar do seu campo tudo o que possa desunir os Portugueses - mais uma vez fica explícita a necessidade que o Estado Novo tinha de unir as massas às elites, como já tinha feito na política do corporativismo.
O auge desta união e devoção pela Nação e pelo Estado, deu-se anos mais tarde com a criação da Legião Portuguesa. Esta milícia destinava-se a defender "o património espiritual da Nação", o Estado corporativo (referido acima) e a conter a ameaça bolchevista, mais conhecidos por comunistas.
Esta possuía, no princípio dos anos 40, cerca de 20 000 membros, sendo, como é óbvio, a sua filiação de carácter obrigatório.
Já a Mocidade Portuguesa, também de carácter obrigatório, destinava-se aos jovens estudantes. Nela, eram incutidos os valores nacionalistas e patrióticos do Estado Novo a todos os seus membros. Ambas as organizações eram baseadas no fascismo italiano. Todos os elementos possuíam um uniforme.
Salazar defendia a importância da Mocidade Portuguesa dizendo que as crianças eram os homens do futuro. Assim, com esta educação rígida, Salazar queria desde cedo incutir os ideias fascistas nos "homens do amanhã".
Num texto de Mário Soares, declarado opositor ao Salazarismo, este fala-nos do funcionamento da mocidade:
"Éramos obrigados a aderir à Mocidade, logo aos 10 anos de idade. O uniforme era obrigatório: boné, camisa verde, calção caqui e botas. O cinturão tinha uma grande fivela de metal enfeitada com um S.", clara alusão a Salazar. "A saudação fascista era a rigor, com o braço estendido em sentido." - aprendizagem dos costumes fascistas. "Tínhamos de fazer exercícios militares todos os Sábados e os mais velhos treinavam-se no manejo das armas" - como no Nazismo e no Fascismo Italiano, o desprezo pelos valores intelectuais era óbvio, enquanto se incentivava o amor ao desporto e ao exercício físico. "O chefe que presidia à reunião lançava uma primeira pergunta sob a forma de grito: "Portugueses, quem vive?" Tínhamos que berrar com todas as forças: "Portugal! Portugal! Portugal!", nestas linhas fica explícito o nacionalismo exacerbado tão característico das práticas fascistas.
"Portugueses, quem manda?" A resposta era: "Salazar! Salazar! Salazar!""
E, finalmente podemos ver o culto ao chefe, neste caso Salazar. O chefe, o representante máximo do Estado e da Nação, era tomado como herói.

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